segunda-feira, 16 de junho de 2008

GERAÇÃO ESQUISITA!

16/06/08. 9,57h

Bruno Jurema.

A maioria veio das margens do Mediterrâneo.
Todos que aqui chegaram, trouxeram, além da humilhação porque passaram, por motivos raciais e religiosos, uma boa dose de humildade e bondade em seus corações.
Agregado a isso, um equilíbrio moral, a par de sua rígida formação religiosa.

E sonhos, muitos sonhos!
Neste país encontraram tudo que de bom se poderia esperar de uma nova terra: um povo de coração sempre aberto, tolerância religiosa e fartura.
Aqui, desenvolveram sua maior habilidade: o comércio.
Construíram, com seu trabalho, um formidável legado para seus descendentes.
A quarta ou quinta geração, contudo, tem se mostrado ao avesso de seus antepassados.
A descendência esqueceu os fundamentos morais e religiosos, que corriam nas veias de seus avós.
Parte dos que se envolveram em política, mergulhou nos cofres públicos como se estivesse à beira mar, sem remorsos.
Alguns que enveredaram por atividades econômicas, deixaram rastros de falcatruas, lesando pessoas.
É só olhar os nomes.
Outros, traindo o país que recebeu seus ancestrais de braços abertos, e de olho em seu vasto território, querem fundar aqui outra nação.
Todos preconceituosos, arrogantes e intolerantes. E donos da verdade.
Sob a lápide, seus pais, avós e bisavós deverão estar se perguntando: onde erramos?...

Geração esquisita!

domingo, 15 de junho de 2008

O DRAMA DOS BRASILEIROS

Este artigo foi ao ar pela internet pela primeira vez em 2000, mas continua muito atual.
Por: Martins Andrade.
Fortaleza, 27 de Junho de 2000.

Povo e justiça são as duas maiores pilastras de uma nação democrática.
Quando um país não tem um povo com educação e conhecimento suficientes para discernir sobre o que deve ou não ser feito em sua pátria, e quando a justiça desse país abraça o amigo e julga o inimigo, não temos uma nação, mas um amontoado de gente dentro de determinados limites geográficos.
O espelho do mundo reflete, que grande parte dos que vivem dentro de um país assim, são, numa esmagadora maioria, miseráveis; outros tantos, pobres e humilhados; alguns vivendo dentro da média e pouquíssimos, muito poucos, ricos demais. É essa pequena minoria que, se aproveitando da lassidão das outras classes sociais, numa semi-escravidão, exerce a dominação para ficar mais rica.
O Brasil emana de seu âmago, esse lume vergonhoso. Entretanto, o retrato da oitava potência econômica do globo está mudando conforme tem revelado o discurso de alguns dos representantes desta feliz minoria. Ouvem-se cada vez mais, na grande mídia nacional, os grandes riscos que corre a democracia brasileira, ante alguns ensaios de protestos, oriundos da minoria insatisfeita.
Esse medo tem explicação, conforme tentaremos explicitar a seguir. Apoiado na grande mídia brasileira, os políticos e demais setores empresariais, forneceram ao país, uma imagem de toda a benemerança que os frutos da privatização trariam para todos. No setor da energia elétrica, o Brasil deu um salto no escuro.
Os benefícios viriam da fartura econômica que o setor privado injetaria, aumentando consideravelmente a oferta de eletricidade, preparando o país para um futuro competitivo, no concerto das nações desenvolvidas. Este surto desenvolvimentista, só não pode ser visto às claras devido aos constantes "apagões", derivados, exatamente da falta de investimentos que as empresas gestoras deixaram de fazer no setor.
No setor telefonia, o país saiu de uma semifalência na área de atendimento fixo, ponto cruciante de demanda da maioria da população, para um surto de oferta de um bem complementar, o celular, que acabou tornando-se um bem substituto pela demanda reprimida do primeiro. Mais uma vez o Brasil calou-se.
Não só porque lhe faltou a palavra de protesto, no momento exato; não pela ausência de conhecimento, mas porque não havia como falar. A grande mídia nacional não alardeia protestos, o telefone fixo não chama ninguém e o celular está desligado pelo custo do minuto do pulso, que é caro demais. Foi na telefonia que o brasileiro sentiu, como nunca antes, o abandono das autoridades ligadas ao setor.
Antes da privatização, a população vivia esperançosa de ter em casa um telefone, principalmente a população de baixa renda. O telefone fixo era a esperança de todos. A mídia propalava, que nos países onde a telefonia pertencia ao setor privado, a coisa era diferente. As empresas disputavam o cliente e este poderia escolher a prestadora que lhe fornecesse o melhor serviço e o mais barato.
No Brasil não foi bem assim. Como a instalação de um telefone fixo é muito dispendiosa para as empresas e elas vieram para ganhar dinheiro, muito e rápido, optaram pelo celular. Hoje, não há telefone fixo em nenhuma prestadora de serviços do setor, porém encontra-se telefone celular até em banca de revistas.
No setor educacional, o aluno virou uma peça de estatística. Se estiver matriculado ele pertence a um universo, mesmo que esteja fora da sala de aula. Mas foi lá dentro desta sala de aula que a frustração dos pais brasileiros mais se alastrou. Tiraram o giz das mãos dos professores, escureceram a sala, esqueceram o quadro negro e ligaram um televisor. São salas superlotadas, estatísticas que ufana as autoridades, mas que nada rende aos que mais poderiam se beneficiar: os alunos.
Em todos os quadrantes nacionais, lá estão eles, sendo obrigados a assistirem aulas de um televisor. Os governadores e prefeitos, que poderiam utilizar bem as verbas do FUNDEF, contratando professores para cada matéria curricular, são quase que obrigados a adquirirem as aulas gravadas, produzidas pela Fundação Roberto Marinho, via Rede Globo, ou utilizar a rede televisiva pública para gerar essas aulas. O resultado disso é que, nem governadores, nem prefeitos e, nem mesmos vereadores colocam seus filhos para engordar essa estatística do absurdo, que é a escola pública, hoje.
Tudo isso com uma única finalidade: transferir para a escola privada, aqueles alunos cujos pais ainda lhe sobram alguns recursos para dar maior horizonte educacional aos seus filhos. Coisa que um televisor, substituindo ao professor, em quinze minutos, nunca irá poder fazer. No setor da saúde a orientação é outra. É fundamental que não haja uma rede de saúde pública. E, se houver, é bom que o atendimento seja o mais péssimo possível para forçar o contribuinte a procurar um plano de saúde. E há planos para todos os gostos, desde que se tenha dinheiro para financiar. E a população não tem.
A falta de dinheiro da população é a principal fonte de temor da maioria das autoridades brasileiras. Sem salário para pagar a pressa da privatização dos principais serviços, o brasileiro está aprendendo a protestar. Descobriu que o fizeram de idiota, imbecil e está indo às ruas para dizer que a escola pública é ruim; que a energia é cara e falta demais; que o telefone está sempre desligado porque não há como bancar os custos; que, já que o governo não repõe salários, deveria pelo menos dar uma saúde de melhor qualidade a todos. Isso está tirando o sono das autoridades brasileiras, sem contar ainda que, a corrupção está chegando às raias da intolerância. Ora, para políticos que se acostumaram a ver este país calado, protesto tem alguma coisa de intranqüilidade e explica o medo. Daí, alguns estarem procurando as Forças Armadas; outros insultam-nas.
Num e noutro caso, o que eles querem mesmo é proteção para todos os desmandos que impingiram ao país até hoje. Se o povo está calado, mesmo passando fome, sem saúde, com educação de péssima qualidade para seus filhos, sem emprego e salário, o país está bem, segundo os observadores político e a mídia de plantão. Agora, se for às ruas protestar por tudo isso, a nossa democracia estará correndo sérios riscos. É o drama dos brasileiros.
Martins Andrade 27/06/2000

FORA FUTEBOL...

Este é o blog produzido por Martins Andrade para difundir seus pensamentos como cronista das coisas que acontecem "fora futebol", esplica-se que o título é pertinente devido sua outra situação de fazer crônicas voltadas para o futebol.

Ouça pela Ceará Rádio Clube 1200 todos os domingos a partir das 20:00hs o programa MARTINS ANDRADE E VOCÊ. Produzido em FORTALEZA CE